terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Reféns de nós mesmos - Por Norberto Carvalho

Com toda esta tragédia que nos atingiu na madrugada de domingo para segunda em Santa Maria RS; muitas questões são levantadas, muitas hipóteses são cogitadas, muitas vozes em meio a tanta guerra de informações fazem especulações sobre culpados e mortos. Mas esquecemos de que esta mesma imprensa que de tão útil, acaba gerando dependência e alienação, formando opiniões com ou sem embasamento, gerando desencontros e perturbações a ponto de pessoas com menos grau de instrução a temerem por aquilo que historicamente já sabemos: A desinformação (traduz-se como ignorância) pode matar. O ocorrido na cidade de quase 300 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul servirá de alerta para muitos. Isto é certo, todavia se não entendermos que tudo isso deve iniciar na escola, isto se quisermos uma sociedade mais consciente e verdadeiramente evoluída, lições como esta não serão aprendidas em profundidade e abrangência como deveria. De certo que teremos alguns de certa forma intitulados de neuróticos em segurança, mas será mesmo que merecem este título? Não estaríamos exagerando criando estes estereótipos em razão desta e de outras catástrofes? Ou estaríamos apenas manifestando a falta de inteligência em considerar a vida como o bem mais frágil e precioso que temos? Como professor da área de Saúde e Segurança do Trabalho, gosto de trazer certas provocações a meus alunos sob o ângulo da prevenção, estimulando-os para que visualizem seus perfis em razão da segurança e saúde e que percebam claramente se a segurança e saúde estão em primeiro plano em suas vidas. O que claramente percebo que não. Isso mesmo... a segurança vem em terceiro ou quarto, ou em último lugar... isso quando é lembrada. Mas como perceber aquilo que não sei como é? Que forma tem? Quantos deveriam ter? Porquê não tem? Pode parecer papo para os especialistas... mas quando me recordo da criança de 6 anos que alertou os banhistas sobre o perigo da Tsunami na Ásia, isso me faz crer que minha visão está correta. Precisamos sim conduzir esta nova cultura prevencionista a partir das escolas. Isto é uma Urgência! Quando assisti a entrevista do Sr Prefeito de Santa Rita fiquei perplexo com sua resposta ao ser indagado de que haveria sim a coparticipação da prefeitura no “dolo”, insisto nisso, pois o alvará estando cancelado e mesmo que em trâmite, estaria comprometendo a segurança das pessoas que ali estiveram para se arriscar sem saber. O prefeito afirmou que o fato de não ter um alvará validado, não impediria o desastre... pasmo com isso! E o mesmo pouco depois fez questão de enfatizar que 15 dias atrás teria a prefeitura considerado uma outra casa de espetáculos como não segura e interditou o estabelecimento. Veja prefeito... o senhor mesmo se contradisse pois sem alvará não se pode funcionar um estabelecimento dado como não apto. E se o caso foi a lotação? Quais ferramentas disporia a prefeitura para fazer um controle desta? Afinal eu não concordaria de que em um lugar de 600 metros quadrados estaria apto para habitação de 690 pessoas, considerando o layout e mobiliários dispostos na planta da boate, pois ao menos para mim, ninguém quer ficar em um lugar apertado como esse para dançar tendo como companhia mais de 1500 pessoas tendo apenas uma saída/entrada para o caso de uma emergência. Mas por um motivo bem estranho do conhecimento de todos... estavam na casa cerca de bem mais que o dobro da lotação permitida no alvará. O que nos faz entender o motivo de tanta indignação é que se tudo estava tão certo... Porquê então deu tão errado? Se havia alvará, se existia sinalização, e extintores dimensionados e pessoal treinado... O que teria falhado? O simples fato de permitir efeitos pirotécnicos em um ambiente preparado para a acústica... mas que por não serem de última geração, seriam na verdade considerados como combustíveis inflamáveis e que serviram de pavio para bomba relógio que já estava armada? Podemos considerar que no lugar destas portas de saída de emergência que, infelizmente não poderiam estar nas laterais de um prédio geminado pela ganância de seus proprietários, ou pela precariedade do código de obras da cidade, poderiam agilizar a saída destas pessoas em 3 minutos! Acreditem... 1500 pessoas poderiam deixar as dependências da boate em 3 minutos, o que seria mais que suficiente para evitar não só a asfixia, mas também a intoxicação das vitimas do sinistro. Somos sim... reféns de nossa própria ignorância e insistência em arranjar um “jeitinho” para tudo nessa vida. Tratamos doenças com paliativos, cuidamos dos sintomas e sinais, mas não queremos enxergar que estamos doentes e torcemos para que tudo saia certo. Pena... é mesmo uma pena que tudo tenha saído errado.

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Norberto Pereira de Carvalho, Professor Técnico de Segurança do Trabalho, lecionando no Cefae II, Nilópolis, Bombeiro Profissional Civil - CBMERJ, com sólidos conhecimentos nas áreas de Técnologia Industrial e desenho técnico além de formação profissional como Eletricista predial e bons conhecimentos em Elétrica Industrial, com base sólida em Informática.

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Sandro Vergara da Costa, formado como Técnico de Segurança do Trabalho pelo Centro Educacional de Niterói - CEN, possuindo vários cursos pertinentes à área de Segurança do Trabalho, atuando desde sua formatura, em 2005, como consultor, principalmente nas questões de treinamento em grandes empresas de diversas atividades econômicas.

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